Escrevi esse texto hoje, domingo, 28 de junho de 2009. Um dia triste, numa cidade triste, a única coisa boa é o frio.
--------PROCURA-SE UMA CIDADE
--------Escritora, casada, 34 anos, mãe de três filhos, procura:
--------Cidade pequena, com no máximo 30 mil habitantes, de topografia plana, mas rodeada de montanhas. Que tenha uma bela praça em frente à matriz, e que na praça tenha uma fonte, um coreto, muitos bancos à sombra das árvores que por sua vez terão troncos fortes e copas largas.
--------As estações do ano não precisam ser bem definidas, as flores podem surgir o ano inteiro. Já o inverno tem que ser frio, daqueles de sair “vapor” quando se fala, e o verão pode vir acompanhado de sol quente, brisa fresca, e banho de cachoeira. Ah! Tem que ter cachoeira!
--------Que seja necessária somente a bicicleta para se locomover dentro da cidade, e que o trajeto até a cachoeira também possa ser feito de bicicleta!
--------Que a cidade seja “cortada” por um ribeirão ou riachinho de águas claras, onde os lambaris e as piabas se escondam por entre o cascalho, e que o cascalho se esconda de nós ao refletir o brilho intenso do sol.
--------Quanto às ruas, não importa se são largas ou estreitas, o que importa é que sejam limpas e sem buracos, de preferência com calçamento rústico, pedras, chão batido, bloquetes, paralelepípedos, se não tiver asfalto melhor!
--------Os prédios podem existir, mas que sejam a minoria e de no máximo três andares. Que haja a predominância das casas de telhado com janelas de madeira, bem coloridas, com varandas e quintais enormes. E que as varandas sejam enfeitadas pelas orquídeas, avencas e samambaias, que tenham uma rede pra gente sentir a vida passar e duas cadeiras pra receber visita.
--------Que os quintais sejam longos, de pomares fartos e hortas na porta da cozinha. Que não faltem mangueiras abacateiros e goiabeiras, uma dúzia de galinhas ciscando por entre as folhas secas e patos se refrescando no pocinho d’água. E se em algum desses quintais tiver uma bica ou uma nascente, eu compro a casa!
--------Que tenha ao menos uma padaria onde se faça pão à moda antiga, sem essa de pães de mistura pronta de sacos de 50 kg. Que tenha uma farmácia onde se possa encontrar todo tipo de medicamento convencional, mas que tenha também um mateiro conhecedor das ervas, um benzedor e um curandeiro.
--------Que tenha um mercadinho pra comprar fubá de moinho d’água, goiabada, chinelo de dedo, balaio e rapadura. Um armarinho que tenha variadas estampas de chita, fitas coloridas e renda de algodão.
--------Que tenha quermesse no mês de Maria, e uma porção de crianças vestidas de anjo para coroar a santa, assim como eu, quando menina. Depois da missa, barraquinhas de comida, banda marcial; fogueira, quentão, canjica e bandeirolas no mês de São João.
--------Que tenha delegacia, agência dos correios, pelo menos um banco pra conservar nossa poupança, e que a polícia não precise trabalhar, apenas saudar-nos ao passar. E que um bom hospital nos receba nos momentos de precisão.
--------Que as escolas sejam exemplo em todos os sentidos, e que façam dos seus “meninos” orgulhosos cada vez que passem à suas portas.
--------Que todos se cumprimentem nas ruas e que os “vovôs” da cidade descansem na pracinha, ou nas esquinas politizadas, sempre prontos pra um dedo de prosa, uma partida de damas, sueca ou caxeta.
--------Que a visita das aves migratórias seja uma constante, e que as nativas como azulão, canarinho, tico-tico e sabiá nunca faltem aos “concertos” matutinos na minha janela.
--------Que nas tardes de verão aconteçam as revoadas de tanajuras, besouros e cupins, e que a meninada alvoroçada se espalhe pelas ruas, felizes e completas apenas pelo fato de correrem atrás dos insetos.
--------Que tenha sempre alguém disposto a acender uma pequena fogueira em algum canto da cidade nas noites de frio, para reunir os vizinhos, assar milho, batata doce, tomar a última pinga, durante a última prosa do dia.
--------E que ao olhar pro céu de noite ele esteja pleno de estrelas, que não falte nenhuma, exceto nas noites de chuva ou garoa fina, onde as estrelas são olhos escondidos por trás das nuvens a espiar a pureza de nossas vidas cá na Terra!
--------Se você sabe onde fica esse lugar, entre em contato comigo, mas, por favor, não espalha pra ninguém!
--------Escritora, casada, 34 anos, mãe de três filhos, procura:
--------Cidade pequena, com no máximo 30 mil habitantes, de topografia plana, mas rodeada de montanhas. Que tenha uma bela praça em frente à matriz, e que na praça tenha uma fonte, um coreto, muitos bancos à sombra das árvores que por sua vez terão troncos fortes e copas largas.
--------As estações do ano não precisam ser bem definidas, as flores podem surgir o ano inteiro. Já o inverno tem que ser frio, daqueles de sair “vapor” quando se fala, e o verão pode vir acompanhado de sol quente, brisa fresca, e banho de cachoeira. Ah! Tem que ter cachoeira!
--------Que seja necessária somente a bicicleta para se locomover dentro da cidade, e que o trajeto até a cachoeira também possa ser feito de bicicleta!
--------Que a cidade seja “cortada” por um ribeirão ou riachinho de águas claras, onde os lambaris e as piabas se escondam por entre o cascalho, e que o cascalho se esconda de nós ao refletir o brilho intenso do sol.
--------Quanto às ruas, não importa se são largas ou estreitas, o que importa é que sejam limpas e sem buracos, de preferência com calçamento rústico, pedras, chão batido, bloquetes, paralelepípedos, se não tiver asfalto melhor!
--------Os prédios podem existir, mas que sejam a minoria e de no máximo três andares. Que haja a predominância das casas de telhado com janelas de madeira, bem coloridas, com varandas e quintais enormes. E que as varandas sejam enfeitadas pelas orquídeas, avencas e samambaias, que tenham uma rede pra gente sentir a vida passar e duas cadeiras pra receber visita.
--------Que os quintais sejam longos, de pomares fartos e hortas na porta da cozinha. Que não faltem mangueiras abacateiros e goiabeiras, uma dúzia de galinhas ciscando por entre as folhas secas e patos se refrescando no pocinho d’água. E se em algum desses quintais tiver uma bica ou uma nascente, eu compro a casa!
--------Que tenha ao menos uma padaria onde se faça pão à moda antiga, sem essa de pães de mistura pronta de sacos de 50 kg. Que tenha uma farmácia onde se possa encontrar todo tipo de medicamento convencional, mas que tenha também um mateiro conhecedor das ervas, um benzedor e um curandeiro.
--------Que tenha um mercadinho pra comprar fubá de moinho d’água, goiabada, chinelo de dedo, balaio e rapadura. Um armarinho que tenha variadas estampas de chita, fitas coloridas e renda de algodão.
--------Que tenha quermesse no mês de Maria, e uma porção de crianças vestidas de anjo para coroar a santa, assim como eu, quando menina. Depois da missa, barraquinhas de comida, banda marcial; fogueira, quentão, canjica e bandeirolas no mês de São João.
--------Que tenha delegacia, agência dos correios, pelo menos um banco pra conservar nossa poupança, e que a polícia não precise trabalhar, apenas saudar-nos ao passar. E que um bom hospital nos receba nos momentos de precisão.
--------Que as escolas sejam exemplo em todos os sentidos, e que façam dos seus “meninos” orgulhosos cada vez que passem à suas portas.
--------Que todos se cumprimentem nas ruas e que os “vovôs” da cidade descansem na pracinha, ou nas esquinas politizadas, sempre prontos pra um dedo de prosa, uma partida de damas, sueca ou caxeta.
--------Que a visita das aves migratórias seja uma constante, e que as nativas como azulão, canarinho, tico-tico e sabiá nunca faltem aos “concertos” matutinos na minha janela.
--------Que nas tardes de verão aconteçam as revoadas de tanajuras, besouros e cupins, e que a meninada alvoroçada se espalhe pelas ruas, felizes e completas apenas pelo fato de correrem atrás dos insetos.
--------Que tenha sempre alguém disposto a acender uma pequena fogueira em algum canto da cidade nas noites de frio, para reunir os vizinhos, assar milho, batata doce, tomar a última pinga, durante a última prosa do dia.
--------E que ao olhar pro céu de noite ele esteja pleno de estrelas, que não falte nenhuma, exceto nas noites de chuva ou garoa fina, onde as estrelas são olhos escondidos por trás das nuvens a espiar a pureza de nossas vidas cá na Terra!
--------Se você sabe onde fica esse lugar, entre em contato comigo, mas, por favor, não espalha pra ninguém!
Jacqueline Salgado, de Belo Horizonte - cansada de contar nos dedos as poucas estrelas que me restam no céu.
5 comentários:
A cidadezinha da foto é Goiás Velho, ou Cidade de Goiás, tem 26 mil habitantes e pode ser uma candidata! Alguém tem mais sugestões?
Pois é Jacqueline.Uma cidade grande com são Paulo sufoca e esmaga os sonhos de muita gente.Ilhabela pode não ter exatamente tudo o que vc relaciona no texto,mas certamente aqui é possível respirar e pintar em paz.
Felicidades!
bjo
pode ser a pequena cidede de "caieiras", fica em sao paulo mais nao é uma cidade conturbada como sao paulo
achu que vc ia gostar de morrar aq em caieiras vc pode opitar em ficar no condominio fechado nova caieiras !
ops caieiras e a cidade dos pinheirais
e fica do lado de franco da rocha,umadas cidades afetadas pela chuva em 2010 e 2011 !
bjssssssssss
adoro seus relatos
tchauu
bye bye
até
mais !
♥♥♥☺☺☺
Oi Giseli! Adorei a dica! Vou ver as fotos de Caieiras e regiao, obrigada pelo carinho! Jacqueline Salgado
Oi vem morar aqui em Buritizeiro, fica perto de Pirapora, MG, muito bom aqui!
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