domingo, fevereiro 08, 2009

A Libélula, a chuva e a assassina!


Era só mais uma tardinha chuvosa aqui em Belo Horizonte.
Eu olhava o tempo fechar pela janela, quando vi alguma coisa estranha se agarrar na tela de proteção.
Era uma libélula.
Mas não era uma libélula qualquer, era enorme e possuía dois ferrões assustadores no fim da cauda.
O bicho percebeu minha presença e começou a empinar a cauda devagar e discretamente, como se quisesse dizer: "Não vem não, heim! Olha aqui pra você!"
Ao mesmo tempo em que me ameaçava, a coitada tentava se segurar com a firmeza de um alpinista em meio a toda aquela ventania na janela.
Eu, discreta como ela, continuei observando, assim como sempre fiz. Sempre gostei de observar e desenhar insetos diferentes, de preferência aqueles que surgiam "do nada" em minha casa, nessas cidades pitorescas por onde eu passei!
Por um instante me lembrei de como a idade média se referia às libélulas. Elas eram chamadas de DRAGONFLY , dragão voador, nome que até hoje designa o inseto em alguns idiomas.
Olhando assim de perto, não é que parece mesmo um dragão?
Diz uma lenda norte americana que capturar uma dessas "criaturas encantadas" em jarros, copos ou redes e fazer um pedido ele será atendido, assim, muitas pessoas decidiram as capturar eternamente em "recipientes de carne", e a libélula passou a ser cultuada por adeptos da tatuagem! Sei também que a libélula, por não poder voar para trás, é o símbolo dos samurais, pois estes, devem sempre andar pra frente mesmo nos momentos mais adversos.
Não contente em filosofar sobre o fascínio da libélula, tampouco em observá-la na tela de proteção, visto que a chuva já se adentrava pela janela, tratei de recolher o bicho com uma pinça cirúrgica, fato nada agradável, pois o mostrinho lutava pela liberdade tal como um tucunaré fisgado! Não foi fácil não!
Capturado o bicho, mergulhei-o num recipiente com uma solução usada nas aulas de introdução à entomologia: 50% água + 50% álcool. (Obs.: Eu não sou formada em biologia, agronomia, essas coisas que têm entomologia em seu currículo, sou só curiosa mesmo!)
Em minutos eu já podia colocar o inseto pra secar e fazer meus desenhos anatômicos da estranha.
Asas marrons delicadas e ásperas, cauda longa com dois ferrões, cabeça de formiga "cabiçuda", um exagero de cabeça!
Deixei a libélula na janela para que se secasse ao sol na manhã seguinte.
Foi então que meu filho de 4 anos gritou da área de serviço: "Mamãe! Corre aqui, mamãe! Tem um passarinho roubando sua libélula!
Só deu pra ver quando o Bem-te-vi voou com a "minha presa" no bico!
O que do homem o bicho não come!
E o que é do bicho, o homem também não come!
Isso é que dá se meter com a natureza!