Pela décima terceira vez, o Prêmio Nobel de literatura vai para um escritor de língua alemã. No caso, uma escritora, Herta Müller, poeta e romancista romena nascida em 1953 e proveniente da região do Banato, onde reside a minoria alemã de 0,3% da população.
Apesar de ter crescido sob o signo do exílio, em ambiente totalmente alemão, Herta estudou filologia, interessou-se pelo cruzamento entre a tradição literária germânica e romena e chegou a publicar livros de poesia em romeno.
O primeiro livro de contos que publicou, Niederungen (1982), foi censurado na Romênia, mas obteve reconhecimento imediato na Alemanha, para onde Herta imigrou em 1987 e desde então venceu a maioria do prêmios literários do velho continente, como o Kleist e o Impac.
Sua obra é marcada pela vivência com o regime totalitário do ditador Nicolae Ceaucescu. "A experiência mais marcante para mim foi viver sob o regime ditatorial na Romênia, simplesmente viver na Alemanha, a centenas de quilômetros de distância, não apaga as experiências passadas. Levei meu passado na bagagem quando parti e a lembrança daquelas ditaduras [da Europa Central] ainda são um tópico atual na Alemanha", declarou a escritora à imprensa."[A obra de Müller] É uma combinação de uma linguagem especial, por um lado, e o fato de que ela tem uma história para contar sobre como é crescer em uma ditadura, em uma minoria, em outro país".
A declaração do porta-voz da Academia Sueca após o anúncio do Nobel vem apenas reforçar a impressão que fica da influência política na decisão do vencedor. No Brasil, o único romance de Herta traduzido é O Compromisso (Globo).
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