quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Libidinagem

Lá estava ela, nua,
A provocar-me a casta,
A rasgar-me o sono,
A seguir-me despida
Do alto pendida
Com as faces roubadas
Consteladas
Por fulgor alheio.
Lá estava ela, nua,
A mimar-me os sonhos,
A afagar-me os ombros,
A ornar-me os passos
Por entre os becos frustrados,
Entorpecidos
No silêncio falso
De tua pousada.
Lá estava ela, nua,
A escravizar-me os olhos,
A sussurrar-me o belo,
A poetizar-me a língua
Traduzindo cânticos
D'alma conspirada,
Consagrada
Complacente e nua.
Lá estava ela, a lua.

Caleidoscópio

Vou dormir.
Hoje são cinzas...
Não quero olhar a janela
Quero o meu caleidoscópio!
Tragam-me os cacos,Tragam-me as cores,
Deixem surgir as formas.Onde estará cada conta?
Pedaços de um eu retorcido Em busca do encaixe perfeito.
Rola nas mãos um destino
Entre um repouso e o outro,
E entre cada repouso
Um movimento arbitrário,
E a cada movimento,
Um tempo.
E cada tempo,
Efêmero.
Ainda são apenas cores,
Ainda são restos de cacos.
Só o cinza já se foi...
Não quero o meu caleidoscópio.
Não quero mais dormir.
Pra que dormir?
Pra quê?

(Jacqueline Salgado)

Viçosa, minha Terra confusa...
Queria falar dela com o mesmo orgulho
que Rosa falava de Cordisburgo!